sexta-feira, 1 de abril de 2011

O Homem que Chovia, da Cia. Caixa de Fósforo, é um musical divertido sobre a falta de esperança

Estado de Minas - Caderno Divirta-se 01/04/2011
Walter Bastião
 
 
Leon, um jovem do sertão do Brasil, vive em um lugar onde há chuva, mas ninguém sente nem a vê. Um dia, ele recebe do Além a missão de levar água cristalina para todo o povo. Mas é mal interpretado, não o compreendem e o condenam. Essa é a trama da peça O homem que chovia, que a Cia. Caixa de Fósforos apresenta de hoje a domingo, no Teatro Alterosa. Trata-se de musical com texto de Adriano Gilberti, que também está em cena interpretando Leon, o protagonista.
“É uma peça sobre a falta de esperança, hoje, no mundo”, explica Adriano Gilberti, defendendo que a vida contemporânea carece de gente como Gandhi, madre Teresa de Calcutá ou Chico Xavier. Leon, explica o ator e escritor, é uma pessoa de região desértica, de vida difícil, com pouca instrução. Ele decide levar às pessoas mensagens de amor, paz, fé e esperança. E experimenta todos os dramas por causa de sua atitude. “Vivemos num contexto em que ser bom, ético, correto, é tido como inoportuno, chato, já que todos querem levar vantagem nas situações”, observa, contando que praticamente tem que justificar sua história.
O homem que chovia, explica Adriano Gilberti, tem encenação realista, linguagem mais clássica e trabalho de ator valorizado pela iluminação. “É um musical que leva à contemplação, divertido, com canções que dá vontade de ouvir no carro”, brinca. É obra que carrega as convicções do autor. Ele é espírita, acredita que a arte transforma as pessoas (“mas é perigoso dizer isso, fica pretensioso”) e na necessidade do transcendental. Não acha que esse seja um caminho em alta nas artes: “O que existe é pouco, e visto com preconceito. O olhar irônico ou crítico é mais aceito. É cômodo. O difícil é você falar no que acredita, cobra coragem”, provoca.
Adriano Gilberti é autor de 13 textos, cinco deles já encenados. O mais antigo, Tempo de despertar, é de 2000; o mais recente, Náufrago, de 2010. “Escrever é o momento mais livre do teatro para mim, dá a sensação de estar vivo”, diz. Conta que, quando começou, mal acabava de escrever e já saia implorando encenação. “Hoje, vejo que as coisas têm seu tempo”, afirma. Sobre estar vivendo no palco personagem que ele mesmo criou, explica que vive situação curiosa: “Estou descobrindo, no palco, coisas que não sabia sobre Leon.” Com relação aos autores que admira, cita Shakespeare (“é o numero 1 de tudo, em profundidade e eternidade”), Tennessee Williams (“pela beleza e força do texto”) e Ibsen (“é muito presente e atual”).
O HOMEM QUE CHOVIA
Com a Cia. Caixa de Fósforos, hoje e amanhã, às 21h; domingo, às 19h, no Teatro Alterosa, Av. Assis Chateaubriand, 499, Floresta, (31) 3237-6611. Ingresos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada para estudantes, menores de 21 anos e maiores de 60, categorias devidamente identificadas).

Um comentário:

  1. Caros integrantes da Cia Caixa de Fósforos, quero parabenizar pela maravilhosa estréia da peça "O Homem que chovia", particularmente pelos belos desenhos de cena, pela musicalidade maravilhosa, pelas atuações ímpares e, claro, pela mensagem atualíssima e bela. Gostaria de saber sobre o prosseguimento das apresentações, considerando que há muitos amigos que não conseguiram comparecer neste útimo fim de semana. Um abraço a todos! Ronaldo Jung

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